Diversos bairros do município sofrem com a escassez do recurso básico
Acordar todos os dias na madrugada, pela manhã bem cedo ou mesmo nem dormir à espera da água cair para encher caixas e reservatórios. Essa tem sido a rotina de dona Marlene de Souza Lima, 63 anos, moradora do bairro Coroa Grande, em Itaguaí. E, para piorar a situação, ela ainda cuida do irmão acamado que precisa do recurso para cumprir suas necessidades.
Moradora da Rua Santa Teresa, dona Marlene sempre teve problemas com a falta d’água, já que reside na parte mais alta da rua. Mas, ela admite que nunca a situação foi caótica, depois da nova concessionária que administra o recurso assumir a concessão no lugar da Cedae.
Segundo a dona de casa, este pesadelo diário a faz lavar as roupas na casa da cunhada e carregar baldes e mais baldes para suprir as necessidades alimentares e sanitárias.
— Depois que a gestão da água passou da CEDAE para esta Rio + Saneamento, a minha vida tem sido estresse constante. Até porque, já tentamos de tudo. Instalamos uma caixa de mais de 5 mil litros para ter reserva, mas como a água não chega, não é possível estocar o recurso. E meu irmão é acamado, precisa de cuidados especiais e de água para fazer sua higiene pessoal – conta a dona Marlene.
Ela também relata que está pensando até em largar sua casa própria e alugar uma casa onde possa ter água, talvez, mais próxima da cachoeira.
— A empresa esteve aqui, registrou que iria colocar hidrômetro, mas não voltou. Simplesmente, só cortou nossa água sem mais nem menos. Precisamos de alguma resposta, senão, serei obrigada a deixar minha casa própria e procurar outra moradia. Caso contrário, irei enlouquecer com a falta de água – lamentou a dona de Casa.
Outros bairros
E esse imbróglio de desabastecimento também afeta outros bairros da cidade. Moradores do Engenho, por exemplo, relatam que a água até chega às torneiras, porém com pouca pressão. Eles revelam que à noite a situação piora.
— É só escurecer que água desaparece de vez. Os fins de semana também têm sido de muita dor de cabeça. É lamentável esse transtorno que estamos passando. Uma empresa nova que acabou de assumir, prestar um péssimo serviço à população —, lamenta Paula Oliveira, moradora da rua João Carrasco Alves.
— É inviável conviver com a falta de água, um bem essencial à sobrevivência — completa o morador da Rua Doze, José Silva Costa.
Apelo do prefeito
Há duas semanas, o prefeito de Itaguaí, Rubens Vieira, fez uma “live” na praça de São Benedito, em Coroa Grande. Na ocasião, o chefe do Executivo fez um apelo à Rio + Saneamento. Segundo ele, a concessionária faz reparos e deixa canos à mostra e depois, alega que os canos foram quebrados.
Na ocasião, o gestor fez duas críticas: “Esta empresa é tão ruim, que nunca pensei que falaria isso, mas sinto até saudades da Cedae” – lembra Rubão, exaltado com a falta d’água em Itaguaí.